O Manuel é um domador de palavras.
Faz-me pequeno, e cresço lendo-o.
Desfia relações em exercícios, e descreve emoções em figuras de choque, as que têm mais estilo.
Ouço as suas mãos tremendo pelo esforço de segurar os livros onde se guarda.
Babilónico corre o mundo connosco, de primavera em primavera, até aos Invernos de cada um, decalcados dos seus, em vegetal.
Todas as vidas têm errata, e a do Manuel está no nome, que me vez de Cintra deveria ser Sintra pelo sentimento que o s carrega.
Para as demais erratas, ele, como todos nós, lá vai comprando corrector.
Não sabemos nada um do outro…nem pensamos nisso.
Mas sei que o Manuel grita e ele sabe que eu oiço.
Não sabe o Manuel que o que escreve eu também já vivi.
Não sabe que o que eu hei-de viver, ele também já escreveu.
Não sabe que as contas dos seus rosários são gramaticais, mas que ao ser lidas se tornam matematicamente reprodutoras.
È arriscado dizer a importância do Manuel usando as suas armas. Perdemos, e perde ele pela limitação da descrição.
Manuel vive! Manuel vive muito que quero ler o que sinto!